Parece que o Ministério das Finanças vai fazer uma conferência de imprensa para explicar bem explicadinhas as bondades patrióticas do negócio dos prédios. Bem preciso é.

Suponha o leitor que habita numa casa que herdou de seus pais, que dela eram proprietários. Não paga, portanto, qualquer renda - e está todo contente.

O dr. Bagão tem, contudo, outro ponto de vista. Naquela situação, vai ao banco da esquina e acerta este espantoso negócio os meus amigos compram-me a casa por, digamos, 40 mil contos e eu passo a pagar-vos uma renda calculada, por exemplo, nos 8% que dantes se dizia que o imobiliário devia render. Isto é, uns 250 contos por mês.

Assim sendo, das duas uma ou o dr. Bagão tem um investimento para os 40 mil contos que lhe renda mais de 8% e ganha a diferença, ou não tem e dez anos depois não só gastou os 40 mil contos, como não tem casa e tem de continuar a pagar renda por ela!

Ora, conforme se sabe, não consta que o dr. Bagão tenha para o Estado qualquer investimento em vista tem é o famoso défice.

Claro que, interrogados, os empresários do imobiliário afiançam que é um bom negócio. Para eles, já se vê.

Quanto a nós todos, recorda-me inevitavelmente o que ouviu do sábio pai um meu amigo que queria passar uns eucaliptos a patacos «Não, que quem vende nunca mais lhe chama seu...»