&quot;Fugir da vida&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;<span class="titulo2"><span class="titulo2"><span class="titulo2">

Era inevitável e pertence já ao foro psiquiátrico. Que fotos havia a brunida revista do Expresso publicar sobre a Festa do «Avante!»? Imagens dos assistentes ao comício de domingo, que o repórter do semanário afirma que «cativou uma multidão que superou a da anterior festa comunista»? Ou de dezenas de milhar acompanhando em coro as canções de Abrunhosa, Rui Veloso ou Sérgio Godinho? Ou um instantâneo com a livraria da Festa a deitar por fora? Ou um dos «debates políticos que tiveram lugar no sábado e domingo, quase sempre lotados», como escreve o mesmo jornal?Certamente se justificava fixar a realização do concerto para três pianos e orquestra de J.S.Bach, jamais escutado pela audiência de milhares na Atalaia e que reuniu três dos mais consagrados pianistas portugueses. E, sendo que a dança proporciona até excelentes fotografias, a Festa abriu com um bailado de homenagem a Carlos Paredes. E fixar a encenação em estreia no Avanteatro de textos de António Lobo Antunes, não se justificaria? Ou Laginha e Sassetti recriando a música de José Afonso? Além de que, não pertencendo plausivelmente a frequentadores habituais da Quinta do Lago ou do Lux, a Atalaia se encheu, como sempre, de faces belas, olhos cheios de luz, corpos harmoniosos, risos, abraços de ternura.O Expresso escolheu uma bandeira de Guevara e dois casais de anciãos. O Expresso evita a verdade, não gosta das pessoas e odeia a vida.