19 de Janeiro de 2003
Para começar, o embuste de apresentar a operação como favorável ao Estado. Tratava-se de negociar (e não alienar, o que já seria positivo) um bem avaliado em 52 milhões de euros numa parceria com um magnata do imobiliário. Com o mercado em baixa e os leilões desertos, o erário público não venderia assim ao desbarato: o valor fixado constituiria a entrada estatal para um negócio no qual o privado asseguraria o necessário investimento, dividindo-se no final os lucros. O privado, arcaria mesmo, se os houvesse, com os prejuízos.
Afinal, é mentira.
Para conveniência artificial das contas do défice, o terreno estará escandalosamente sobre-avaliado. A «solução» da parceria surge assim não como recurso para manter um valor justo, mas como indispensável manobra para sustentar um valor artificial. O que a torna ainda mais suspeita: para a garantir era imprescindível ter negociado previamente com um privado.
Depois, afinal o privado não investe nada!
Ao Estado cabe todo o investimento, excepto uns trocos em projectos e comercializações.
Finalmente, um opaco negócio governamental condiciona um PDM autárquico.
A direita no seu melhor.