&quot;Estranha Epidemia&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Usando exclusivamente assépticos critérios de qualidade política, são disparates a mais para apenas uma semana. O ciclo iniciou-se com a conspícua demissão do ministro Theias, abusivamente baptizada de remodelação ministerial. No que se sabe quanto ao fundo e no que se viu da forma - um desastre.

Em Oliveira de Azeméis houve a sensacional descoberta do défice democrático insular - nos Açores. A par e passo com os elogios do primeiro-ministro ao estado de sítio madeirense - é difícil encontrar pior. Ainda em Azeméis, Durão Barroso desenvolveu o desastrado e fascistóide número do PCP e dos problemas de segurança do Euro 2004. Até os incondicionais barrosistas se entreolharam.

Vem depois o acordo de Governo entre o Ministério das Finanças e o BCP do dr. Jardim Gonçalves. Contrata-se um alto funcionário para um sector neutro e despiciendo como o fisco, mas, como o senhor vai ganhar uns módicos cinco mil contos por mês, o Estado paga uma parte (mais pequena...) e o banco faz a fineza de pagar a outra. Rigorosa independência, como se constata.

Finalmente, a ministra das Finanças, tão fresca e bem-humorada quanto aos seus IRS, resolve passar ao insulto trauliteiro no Parlamento. Chamado a acudir, o líder parlamentar do CDS/PP fez ainda um serviço muito jeitoso. É pedir de mais ao Futebol Clube do Porto, que faça esquecer tantos e tão sugestivos índices de aflita desorientação.