&quot;Está a acabar? &quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

As últimas semanas deste 2004 deixam duas sensações aparentemente contraditórias. Por um lado, é inevitável um sentimento de desilusão, de saturação. Tudo isto já se viu, este panorama de impasse, falhanço, pequenos e grandes golpes, total ausência de escrúpulos. Mas, contraditoriamente, este desabar do Governo da direita tem traços novos, tem, sobretudo, uma frenética sucessão, uma precipitação incessante de erros, disparates, infantilidades, traições, a uma cadência que, em rigor, ainda se não tinha visto.

Santana Lopes impõe a palhaçada da demissão e depois queixa-se de que não pode vender os prédios porque está em gestão. O dr. Portas barafusta a «disciplina» dos «seus» ministros e três dias depois Nobre Guedes embrulha-se em ultimatos com Santana. A recuperação vinha aí e, afinal, assiste-se à inaudita confiscação do fundo de pensões da CGD. Na Câmara de Lisboa e no Governo usa-se o dinheiro dos contribbuintes para propaganda do PSD. E isto pega-se. Os drs. Rosas e Louçã não se entendem sobre o que vai o Bloco fazer com o PS e o eng. Sócrates embrulha-se disparatadamente na armadilha da incineração. O PCP, ao qual pela enésima vez se anunciara a morte em congresso, é que, calmamente, mas com reconhecível eficácia, lá vai fazendo e dizendo o que entende que tem de fazer e dizer. Pelo menos, nem a política nem os políticos são todos «a mesma coisa».

Ano Novo, vida nova?!