A falta na declaração de IRS da ministra das Finanças não tem fatalmente que ser considerada como uma tentativa de fuga ao fisco.
Em rigor, não há motivo para pôr em causa que se tratou de um erro que, por sua própria iniciativa, Manuela Ferreira Leite e os seus familiares corrigiram.
Não estando em causa implicações de honestidade, tal não significa porém que o episódio seja irrelevante. A questão que se coloca é esta: quem são, que fazem, como pensam e sentem portugueses para os quais a quantia de três mil contos é tão irrelevante que pode ser esquecida?
Note-se que as funções de ministra das Finanças evidentemente aconselham - e Manuela Ferreira Leite é uma mulher inteligente - o maior cuidado em questões como impostos.
O que apenas aumenta o grau de displicência com o qual foi encarada a obtenção de uma mais-valia (isto é, um lucro) de 12 mil contos a dividir por quatro irmãos.
Não é assim surpreendente que os governantes deste Governo como Manuela Ferreira Leite considerem displicentemente os problemas comuns dos portugueses comuns.
Para nenhum trabalhador, para nenhum desempregado, para nenhum operário da Bombardier três mil contos são coisa que se esqueça.