&quot;Empresas&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

de Janeiro de 2003

O discurso oficial e oficioso tem colocado uma tónica na importância das empresas para a solução dos problemas económicos.

As empresas, dizem, são elementos essenciais a partir dos quais se cria emprego, se gera desenvolvimento, progresso.

Este bondoso carácter das empresas reboca a correlativa indispensabilidade do empresário.

Qualquer manual explica que a empresa é apenas a fórmula jurídica que, na gentilmente designada economia de mercado, reúne a capacidade de trabalho e a capacidade de investimento.

Mais comezinho, o capital, que fornece instalações e instrumentos, e a força de trabalho, fornecida por homens e mulheres.

Assim, embora, em termos de trabalho assalariado, o trabalhador dependa do empresário, a verdade é que, em termos reais, é o empresário que depende do trabalhador.

O trabalhador pode sê-lo sem empresário, o empresário não o pode ser sem o trabalhador.

Estimular os trabalhadores é assim uma indispensável forma de dinamizar empresas. Congelando carreiras na função pública, criando «pacotes laborais», diminuindo salários?!

Sejamos sérios: o objectivo é favorecer os empresários - não empresas.

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