Há alguma coisa de comum entre o caos no combate aos fogos florestais, um juiz desembargador presidente da Relação de Lisboa que fala e se comporta como um rufia e o caso que envolve o ministro Martins da Cruz e o ex-ministro Pedro Lynce?
Há. E a tais casos outros se poderiam acrescentar, como os «quatro mortos» da vaga de calor, o deputado Cruz Silva ou o inquérito à queda da ponte do IC19.
Por um lado, todos os envolvidos se declaram inocentes, que agiram de boa-fé, que não houve ilegalidades. Contudo, Durão Barroso arranjou sempre um bode expiatório.
Todas estas situações apontam uma confrangedora incompetência política e uma ainda mais grave ausência de sentido de Estado, de responsabilidade no desempenho de funções de interesse colectivo. Seja numa recepção pública, seja ao nível das instituições superiores do Estado, ignoram-se as exigências e limites dos cargos ou, pior, eles são considerados como privilégio e cobertura de impunidade.
O inquietante porém é que tais comportamentos individuais simultaneamente geram e são fruto de uma política governamental que, ela própria, é globalmente incompetente e desconhece as exigências e limites do poder num Estado democrático de Direito.