&quot;E chama a isto democracia&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

O jurisconsulto Vital Moreira foi, como é sabido, comunista. E militante do PCP. Nesta qualidade, em meados dos anos 80, defendeu dentro do PCP transformações, nomeadamente a adopção do voto secreto.Não o fez da forma mais dignificante. Tergiversou quanto às instâncias e princípios que lhe indicavam as normas estatutárias, recorreu a expressões públicas sugeridas pelo interesse político de adversários do PCP dominantes na comunicação social. Não falando de pusilanimidades como pseudónimos pueris.Vital Moreira não defendeu que a República impusesse o voto secreto aos partidos: defendeu no PCP (como era seu direito) que o PCP o adoptasse. A maioria (esmagadora, aliás) dos militantes do PCP não esteve de acordo. Vital Moreira tirou do facto conclusões razoáveis: saiu do PCP. Entre os seus camaradas e os pontos de vista pessoais, escolheu estes últimos. Ninguém o impediu de os defender, tal como ninguém o obrigou a deles abdicar. Eleito depois nas listas parlamentares do PS, teve directa responsabilidade numa revisão constitucional que visava (ele o diz) a situação presente. Vital Moreira não ganhou para os seus pontos de vista a confiança dos então seus companheiros militantes - Vital Moreira regozija-se agora que eles lhes sejam impostos na base de leis fruto de acordos partidários espúrios.

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