&quot;Do buraco à<br />António Abreu na &quot;Capital&quot;

1. Santana Lopes não é responsável por todos os buracos que se abrem em Lisboa. Mas cabe-lhe precavê-los.

Já os tivemos na Baixa. Temos outro a começar no túnel das Amoreiras. Dos reais aos figurados, eles aí estão. Periodicamente. E convidando-nos a reflectir sobre a necessidade da autarquia não se esgotar na plantação de cartazes de propaganda à sua obra futura e à dos outros e de investir mais em coisas que parecem simples, que até nem se vêem por estarem no subsolo, mas sobre as quais assenta a segurança da vida que se vai fazendo cá por cima.

Foi há muito que a ribeira de Alcântara, linha natural de águas, da Serra da Mina ao Tejo, foi encanada, à medida que se ia construindo na zona. O último troço terá os seus cinquenta anos e foi neste troço que o caneiro de Alcântara abateu agora.

Com caudais elevadíssimos e com troços de 8 por 6 metros, nele se deslocam enormes volumes de águas que arrastam sedimentos, pedras e até já se pescou nele uma máquina de lavar... Esta actividade vai corroendo a soleira do colector que vai abrindo buracos, por onde a água se escoa parcialmente, arrastando os materiais em que assenta e criando ocos que acabam por provocar abatimentos. E isso agrava-se com o mau tempo e o tráfego intenso à superfície.

O que se diz deste caneiro que recebe águas da Amadora, Benfica, Praça de Espanha, Campolide, etc, que entram e saem da ETAR de Alcântara e se dirigem para o Tejo, diz-se de outros colectores noutras zonas da cidade onde a água não encanada arrasta desde materiais mais finos a outros de maior dimensão, provocando situações semelhantes. É assim em várias colinas ou na Baixa.

São situações que se não podem evitar completamente. Mas as linhas de circulação de águas são conhecidas e a questão é manter uma intervenção permanente de inspecção e beneficiação nessas zonas críticas que evitem aqueles escoamentos de águas. Esta necessidade, quanto ao caneiro de Alcântara foi confirmada em intervenção feita a montante da ocorrência actual há alguns anos atrás. É certo que a pressão da construção à superfície quer de edifícios quer de vias tem influência mas a questão maior é controlar o desgaste das soleiras do caneiro de tão elevados caudais de água. Li agora num semanário que o engenheiro Ferreira de Almeida, decano dos dirigentes municipais, com quem muitos de nós aprendeu, e que vestia a camisola do município, recentemente reformado, já avisara o então vice-presidente da CML e actual Ministro Carmona Rodrigues.

Um investimento permanente na monitorização e na beneficiação é essencial e bem merece um painel virado para a entrada do município a dizer “Lisboa está a cuidar do sub-solo. Você não vê, mas está!”.

Na passada sexta-feira, uma vereadora da actual maioria inaugurou um espaço para a juventude no Bairro do Armador, bairro da antiga Chelas, que renasceu para se ligar à cidade onde alguns a quiseram marginalizar.

O espaço fica no “edifício do lápis”, marcante para quem olha para o bairro das Olaias, para lá da linha do metro que ali passa a céu aberto.

Finalmente! Enquanto vereador com responsabilidades executivas na CML, eu e os jovens que trabalhavam então na Divisão de Juventude, deixamo-lo pronto em 2001, com protocolo firmado com a Junta de Freguesia de Marvila, ao lado de outros equipamentos que então entraram em funcionamento. O tempo foi passando...e Santana Lopes continua a poder ir inaugurando coisas que outros deixaram feitas ou em construção. Mesmo com atrasos que o seu mandato impôs a várias. Como esta em que, com obra acabada e material armazenado no Figo Maduro há mais de dois anos, foram precisos dois anos para tratar de contratos de água, electricidade, etc.

Os atrasos aqui retardam a fruição. Mas na inspecção e beneficiação dos colectores os efeitos podem assumir maior dramatismo.

3. O Dr. Santana Lopes afinal não quis a boa notícia que aqui prevíramos na semana passada. Disse que era a administração central que deveria pagar a água do Jardim Botânico ou então que passasse para o município a sua gestão. Mais disse que o PCP, em coerência com as suas posições, não deveria acorrer às situações de falta de investimento do governo de cujo maior partido é vice-presidente. Ora toma! Mas as más línguas dizem que chumbou a proposta de a CML pagar a água a este belo jardim da cidade porque a proposta era do PCP. Como já acontecera no passado com a reabilitação da Baixa Pombalina ou a intervenção integrada no Intendente.

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