&quot;Concluindo&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

A linha de argumentação de que são exemplos o destemperado e inconcebível texto de Vasco Graça Moura ou afirmações de Durão Barroso no debate parlamentar de sexta-feira não é uma questão menor. E uma das razões por que o não é reside no facto de não ser nova.

Na verdade, argumentar que a crítica da oposição à política governativa é sinónimo de ausência de patriotismo foi uma constante do discurso salazarista durante meio século. É um facto que nenhum político português pode ignorar, é uma realidade dolorosa que integra a experiência cívica do País.

A censura e as polícias permitiram a sobrevivência hegemónica deste argumento ao impedirem a sua contestação e desmontagem. Porque a realidade é que ele é obtuso e inconsistente.

Trinta anos após o 25 de Abril, recorrer a ele é assim simultaneamente anacrónico, perigosamente reaccionário e surpreendentemente estúpido.

A questão, como Durão Barroso ou Graça Moura tinham elementar obrigação de saber, não é o défice ou o seu controlo: é o haver ele sido erigido em totem político e os custos impostos aos portugueses em seu nome.

Utilizar argumentos fascistas não faz automaticamente de quem os usa um fascista. Mas impõe conclusões.