Os argumentos sobre as bondades da retirada do Estado de papéis interventores - ou, no mínimo, regularizadores - na área económica têm soçobrado sistematicamente.
O argumento espertalhaço de que «os preços vão descer, o consumidor beneficia com a concorrência» não resultaram nas telecomunicações, na electricidade, no abastecimento de água, nos transportes públicos, no preço dos combustíveis.
A maior ou menor prazo, tudo mais caro.
Mas há outra consequência grave: o fragilizar da condição do cidadão e a desmobilização da intervenção cívica e política.
Quando o Estado assume responsabilidades que evidentemente lhe cabem na regulação económica da vida colectiva, essa intervenção tem um protagonista cujas medidas são sufragáveis pela sociedade.
O próprio carácter responsável e político de cada acção requer o seu enquadramento e explicação.
A democracia assim o exige, tal como proporciona os meios para a sua crítica, contestação e correcção.
No neocapitalismo liberal, como e onde o cidadão expressa o seu protesto pela subida do gasóleo?
Combatendo sempre e em toda a parte partidos, governos e políticas que agravam a sua vida e, tornando a democracia quotidianamente inútil, meticulosamente a destroem.