Os evidentes excessos, os apelos do Presidente da República, uma saudável saturação do público parecem ter trazido contenção ao carnaval do processo Casa Pia.
Que tal aconteça não é negativo, pelo contrário.
Mas o que já dá que pensar é se esta nova circunspecção mediática irá alargar-se a outros acontecimentos sobre os quais se multiplicam interrogações e falecem respostas.
O mais notório é o caso Albarran. É relativamente secundário se o ex-jornalista foi ou não objecto de chantagem, como e por quem.
E mesmo sendo relevante se há ou não irregularidades fiscais, não será por aí que o problema adquire importância nacional.
Mas o que requer inquestionavelmente resposta é como é possível que ao longo de anos (repita-se: ao longo de anos), numa estrutura tão sensível como a Procuradoria- Geral da República, existam funcionários com vidas económicas e financeiras consabidamente irregulares, dispondo de estranhas complacências (no mínimo) bancárias e fiscais e que lidam com documentação confidencialíssima em ameno trânsito entre os cofres da PGR e as gavetas de suas casas.
Há mais chantagens?
E os menos visíveis, mas bem mais perigosos, tráficos de influências?
O processo Casa Pia desaguou na política - mas este é lá que nasce.