A cataplana é, como se sabe, um recipiente de cozinha constituído por duas vasilhas, habitualmente de cobre, unidas de um dos lados por uma dobradiça e passíveis de serem fechadas do outro por um fecho. Posto o que vai ao lume, onde é, note-se, regularmente virada de forma a receber calor dos dois lados.
Do ponto de vista propriamente culinário, os pratos cozinhados na cataplana caracterizam-se por uma infinda mistura de produtos e ingredientes.
Pode haver simultaneamente carne e peixe, gorduras e ácidos, legumes e mariscos, enfim, em rigor é mesmo difícil definir como deve ser feita uma boa cataplana.
Tendo em conta tudo isto, há que reconhecer ter sido de rara felicidade a escolha de um restaurante com o sugestivo nome de «Cataplana» para o ágape que, a pretexto não se sabe de que receita relacionada com José Lamego, reuniu uma misturada de dirigentes socialistas animados por uma misturada de objectivos nos quais apenas se consegue descortinar o de atingir uma misturada de seus camaradas de partido.
Houve ex-MRPP, maçons, homens de aparelho, admite-se mesmo que alguns socialistas. Sem dúvida, uma cataplana, iguaria que nem sempre resulta e é frequentemente de difícil digestão.