«As televisões só vão cobrir a campanha dos cabeças-de-lista.» Compreende-se: há que definir um critério politicamente defensável e operacionalmente exequível. Os meios são limitados, simultaneamente o Rock in Rio, o Euro...
Assim, a campanha eleitoral passa ser «o programa do cabeça-de-lista». É ele que terá cobertura televisiva e, por pouco lisonjeiro arrastamento, da imprensa e da rádio.
Isto gera duas consequências. Por um lado, sobrecarrega brutalmente o «programa do cabeça-de-lista»: tem de ir de norte a sul, aos bastiões a confirmar e às áreas duvidosas a conquistar. Por outro, esvazia globalmente a campanha: estruturas partidárias locais ou específicas são chamadas essencialmente a «prepararem e dinamizarem» o ritual da visita. Tudo se dirige para aí e tudo acaba aí. O «cabeça-de-lista» chega, as televisões filmam, os jornalistas, no estado de grande agitação por eles próprios criado, fazem perguntas. Ideias que requeiram mais de 40 segundos a expor - nem pensar.
Sabendo-se ser esta a perspectiva, ela já foi condicionante numa primeira fase. O «cabeça-de-lista» tem de ser preferivelmente «mediático», mas seguramente «mediatizado»: nos dez elegíveis, os outros sete ou oito são apenas para gestão interna de cargos. Lá para o fim, nos «não elegíveis», mediatiza-se mais um pouco, explicando-se com verdade que «é apenas para dar o nome».
Um coração não resistiu. A democracia resistirá?
Exactamente por tudo isso, votar é preciso.