O artigo de Vasco Graça Moura (VGM) de quarta-feira é um excelente exemplo da opinião que, após o drama dos incêndios, o País não precisa.
É ridículo afirmar que as oposições fizeram do problema um uso imoral: as críticas vieram das mais variadas áreas e, ao contrário do que afirma VGM, exactamente daqueles que sabem do que estão a falar: bombeiros, técnicos, silvicultores, etc.
Por outro lado, por muito que custe a VGM, face a qualquer problema nacional, o estudá-lo e propor soluções não é um direito exclusivo do Governo. É-o, também, da oposição e, em rigor, é mesmo para ambos um dever.
Mas o mais grave deste defender a capelinha e vituperar os ímpios tem, no presente momento, riscos mais graves. É que condena o esforço, inevitavelmente colectivo, para encontrar soluções para o futuro - e não apenas para o lento curso até 2004. Além de acorrer ao imediatamente imperioso, é necessário tomar medidas imediatas para evitar que outra tragédia chegue no Inverno, com cheias, erosões irremediáveis, contaminações de lençóis freáticos, etc.
VGM parece entender que a oposição deve ficar caladinha depois das tragédias, porque elas se deram. E antes, porque elas ainda não sucederam.