Seguramente em nenhuma circunstância a batata frita em pacote poderá ser considerada produto estratégico em termos de economia nacional. Os dietistas têm mesmo sobre tal produto uma postura altamente condenatória. Mas, pese a eventual irrelevância do tubérculo frito e empacotado na formação do PIB, a verdade é que a sua produção e comercialização em Portugal apresenta características significativas: 90 por cento é dominada por uma multinacional! Norte-americana. A situação é relativamente recente: até há pouco tempo, era lusa a hegemonia na batata frita.
A questão pode parecer irrelevante, mas, realizados alguns cruzamentos de dados (tentemos mais eficácia que a conseguida no Ministério da Educação), assume outros contornos. Parece que o eng. Álvaro Barreto, além de ter a responsabilidade de esclarecer que o dr. Santana Lopes faz declarações irresponsáveis, está igualmente assoberbado com a ingente tarefa de licenciar 1 112 845 metros quadrados de construção de novos centros comerciais. De facto, «grandes superfícies»: qualquer coisa como mais de cem Rossios de área coberta.
Mais de metade será dedicada ao chamado «retalho alimentar ou misto», ou seja, locais onde se vende, além de alhos espanhóis e pêra golden chilena, batata frita em pacote. Da multinacional. Fazendo o cruzamento de dados, isto parece andar tudo ligado.