&quot;Armadilha&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

O Director do «Público» ficou muito zangado com o debate parlamentar de quinta-feira. Para José Manuel Fernandes, a «reforma da administração pública (...) deveria motivar uma convergência mínima entre os partidos da maioria e maior partido da oposição, o PS».

A coisa é, para JMF, simples: trata-se de «agilizar as regras da administração». Combater a burocracia, informatizar, melhorar o atendimento, descentralizar? Não credo! O que JMF quer é «flexibilizar normas laborais vigentes», alterar «regras de aposentação dos funcionários públicos», bem como o «regresso ao princípio da nomeação» nos cargos de chefia. Mais não sugere. E porque é que então não ocorreu a mimosa «convergência mínima»?

Imagine-se que, a crer em JMF, os deputados Jerónimo de Sousa, do PCP, e Luís Fazenda, do BE, com todo o descaro, ali, em pleno Parlamento, estenderam uma «armadilha ideológica» (sic) na qual o PS se terá enrodilhado – e pumba, não convergiu.

JMF acha que «em condições normais o PS debateria construtivamente com a maioria o detalhe das propostas» - e aí até sou capaz de lhe dar razão. A «armadilha» terá utilizado a evidência de que não se reforma nenhuma actividade atacando quem trabalha para a assegurar – mas JMF aqui é omisso.