de Janeiro de 2003 De «uma fonte próxima do primeiro-ministro» pingou para o Expresso que os 200 milhões de contos arrecadados com o perdão fiscal indiciam que «está a modificar-se em Portugal o ambiente em relação à evasão fiscal». Parece legítimo concluir que duas cifras terão alimentado a fonte: os sem dúvida consideráveis 200 milhões e o igualmente impressivo número de contribuintes que atravancaram as Finanças, as filas invulgares na cívica função de pagar impostos.Sabendo-se, mais milhão menos milhão, quanto a operação terá rendido aos cofres do Estado, há contudo um número essencial para avaliar o que se passou: quantos foram os contribuintes que agora saldaram as suas dívidas fiscais?É evidente que foram muitos, milhares sem dúvida, o que parece autorizar a inferência do governamental fontanário.Mas há um pequeno problema: é que, sabendo-se que foram muitos os que pagaram, sabe-se igualmente que o que pagaram corresponde apenas a dez por cento dos dois mil milhões de contos em dívida ao fisco.O que significa que muitos pagaram os 10 por cento que podiam e poucos continuam a dever os 90 por cento que ninguém lhes cobra.É uma grande modificação de ambiente.[email protected]