&quot;A verdade de nada&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;<span class="titulo2"><span class="titulo2"><span class="titulo2">

Tentação a que é preciso resistir, abordar a entrevista de Santana Lopes só pelo ridículo.

Apesar de um parlamentar britânico oitocentista (salvo erro, Lorde Chesterfield) que Churchill gostava de citar ter dito ser a ridículo prova de verdade e, pelo último número da Visão, ter razão. Nada custa imaginar as discussões do staff de imagem (inexistente, segundo o entrevistado, em contradição com o Diário da República) sobre que jornal deveria o primeiro ostentar na sua pose de 1.ª pág. Não poderia ser português, para não ferir susceptibilidades; espanhol, lá viria a problemática dos centros de decisão; americano seria continuar o dr. Barroso; os britânicos, qual - enfim, o Le Monde, sugestão de uma francofonia bem-vinda a quem tem galões da cultura um pouco baços e busca credibilidade informativa...

E que dizer da inconcebível foto pondo «a leitura em dia sentado num dos recantos mais apreciados por Salazar»?! Em austero banco de pedra, mas iluminado por uma claridade insólita para quem recebe a Visão já à noite (...) ao longo de quase três horas»... E continuando as citações, parafraseando a famosa e cruel boutade de Bob Hope sobre Carter («Não percebo porque é que as pessoas não gostam de Jimmy Carter. Ele não fez nada.») pode-se perguntar: mas que há de mal na entrevista? Não diz nada... A questão é exactamente essa. Porque entre o ridículo e o vazio está, de facto, pura e simplesmente, nada. E o problema é tal nada ser, afinal, verdade.