O pior do caso Felgueiras até nem é a senhora que tem o mesmo apelido do município onde foi presidente.
O pior deste caso é a rede de interesses partidários que em 2001 apoiou a recandidatura da doutora quando era já mais que claro o pântano de ilegalidades em que se envolvera.
O pior desta história é o apoio de responsáveis distritais e nacionais do PS apesar de já se conhecerem os previsíveis contornos desse lodaçal. Jorge Coelho, Narciso Miranda e Vara são os principais mentores desse apoio concedido apesar de tantos que já então afirmavam que os princípios e a ética não deveriam ser espezinhados pelo interesse supremo de conservar o poder a qualquer preço.
O pior deste caso é o silêncio ensurdecedor destes senhores que (agora) assobiam para o ar como se não tivessem nada a ver com isto, como se não conhecessem bem Fátima Felgueiras, como se não devessem (também eles) uma explicação pública pelas opções que apoiaram. Como se não fossem (também) responsáveis políticos pelo caso Felgueiras. Lavam as mãos (como Pilatos) depois de as terem sujado com o apoio a uma situação quase mafiosa que hoje tão bem se revela com a rede de ligações e dependências que sustenta a recusa dos eleitos do PS em abandonarem um poder eticamente ilegítimo.
À fuga brasileira de quem deveria ter tido (ao menos) a coragem democrática de assumir as consequências dos seus actos, segue-se agora o estertor das lapas locais que esbracejam uma tentativa patética de se agarrarem ao poder.
O fim triste desta história é mais um golpe profundo na credibilização da vida político cada vez mais à mercê dos silvas de travaçô, dos portas da moderna e dos isaltinos dos impostos.