As minhas desculpas a Raul Ferrão e Norberto Araújo e à sua “Marcha Centenária” que, 55 anos depois me suscita nova versão para este “tempo novo” de Santana Lopes.
Do visado é de esperar a tolerância com uma certa terminologia que sendo, obviamente metafórica, não pretende estar completamente in neste “tempo novo”.
Aos leitores sugiro que mergulhem nas Festas de Lisboa, nos seus arraiais, reagindo moderadamente ao calor e, se forem marchar e cantar não dêem muito estri(bi)lho e, se o entenderem, que se inspirem nas coplas (palavra bi e não trissilábica, de origem popular medieval, que liberta a métrica, os versos e muito mais) que se seguem.
Até para a semana!
Lisboa cresceu Direitinha ao céu Embalada em betão. O menino Pedro Ai, ai, ai, menina lançou-lhe uma maldição
Já se fez mulher, Hoje o que ela quer É criar um salsifré. Anda em desvario, Ai, ai, ai, menina, Ele vai ver como é!
1. Toda a cidade amua Querem tirar-lhe a canção. Imagino a rua, E não vejo a lua Entre torres e betão.
Deixem Lisboa chorar Para que a brasa arrefeça. Carpir e gritar Cabeça no ar Hoje ainda perde a cabeça.
2. Dizem que velhinha sou, há muitos séculos nascida. Serei o que sou, Acabe-se o show, Venha a obra prometida.
Não me cabe na cabeça Que prefira as jogatanas Quer mais um casino P'rá quebra do tino, Já me bastam as besanas!
3. Nas marchas p´ra que não riu Com Sua Alteza Real, Mais o Rei Da TVI Houve quem o viu A fugir dum animal.
Com arderóque na festa E descartáveis flores, Agora só me resta, Minha sina é esta Aturar-lhe os maus humores!
4. Com tanto dito a fiado Desfez-me o coração Olhó manjerico Regado a penico, Mas que grande figurão!
Pró edil ir para o Céu A fazer boas acções, Muito há que fazer, Ponha o braço ao léu E contenha os palavrões.