de Dezembro de 2002 À hora a que escrevo é já possível dizer que a Greve Geral, corajosamente convocada pela CGTP, e que o PCP apoiou desde a primeira hora, foi um enorme sucesso. Apesar de toda a campanha de desinformação, demagogia e mentira a que desde há longo tempo se dedicaram governo, organizações patronais e alguns comentadores encartados, os trabalhadores portugueses compreenderam bem o que está em causa. Muitos foram os obstáculos colocados no caminho da greve. Foram as despudoradas atitudes de algumas empresas, ameaçando e coagindo ilegitimamente os seus trabalhadores. Foi o despacho ilegal do governo tentando impor serviços mínimos no sector dos transportes, feito com o intuito de intimidar os trabalhadores das respectivas empresas. É a cada vez maior precariedade que nalguns sectores inibe fortemente o exercício de direitos. Foi a intolerável actuação das forças de segurança em vários Distritos. Mas as razões para esta luta acabaram por falar mais alto. Está em causa o combate ao Código de Trabalho, verdadeiro decreto da indignidade e da exploração acrescida dos trabalhadores portugueses. Mas está também em causa o aumento do custo de vida para quem trabalha, ao mesmo tempo que o governo decide pela diminuição real dos salários da Administração Pública (influenciando assim negativamente também o sector privado); bem como o escândalo do Salário Mínimo Nacional, que este ano tem um aumento nominal abaixo da inflação; ou ainda as insuficientes e mesquinhas actualizações das pensões e reformas decididas pelo Governo, adiando para Junho de 2003 o que já estava garantido para o início do ano pela actual Lei de Bases. Por isso os trabalhadores aderiram em grande número à Greve Geral. Fizeram dela uma manifestação profundamente democrática da sua oposição ao espoliar de direitos e à diminuição de garantias. Afirmaram a sua exigência de uma política melhor para os portugueses e para o país. Ao longo do dia de ontem sucederam-se as tentativas de diminuir o êxito da greve. O governo anunciou números completamente desfasados da realidade, e tentou por todos os meios esconder o generalizado apoio à Greve Geral. Mas não poderá ignorar que a realização desta Greve Geral é um forte sinal de contestação à sua política, apenas oito meses após a sua entrada em funções. Não conseguirá esconder que, com esta jornada de luta, cresceu decisivamente uma vontade de resistência à política de direita que nem a maioria absoluta PSD/CDS conseguirá calar. A Greve Geral de ontem foi um momento alto da luta dos trabalhadores e da população contra uma política que prejudica os seus interesses e os do país. Mas é também um forte impulso para a indispensável continuação dessa luta nos tempos que se avizinham. É a luta que continua.