&quot;A audição evidente&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

O argumento de Durão Barroso, segundo o qual a ida do director da Polícia Judiciária ao Parlamento constituiria uma «partidarização» daquela polícia, é não apenas um patético disparate, mas uma afirmação muito significativa.Que um inteiramente legítimo acto político-parlamentar seja referido criticamente por «partidarizar» (seja lá isso o que for) diz muito sobre o pensamento político do primeiro-ministro.Por outro lado, não se vislumbra como, a ser verdadeira a terrível consequência partidarizante de uma audição parlamentar, ela se aplicaria exclusivamente às polícias. Nesse absurdo quadro, qualquer consulta da Assembleia junto de agentes do Estado ou de qualquer cidadão passaria a constituir uma «partidarização», fosse lá do que fosse. Desde as trapalhadas da colocação de professores até à regular produção legislativa.Como é evidente, o que o primeiro-ministro pretende evitar é, muito prosaicamente, que a Assembleia da República faça perguntas ao director da PJ sobre as nebulosas demissões e nomeações a que recentemente procedeu no Porto. Sendo que, por sinal, todo o País tem imensas perguntas a fazer sobre as polícias, a justiça e temas correlativos.O que não é evidente é porque é que tal audição parlamentar preocupa tanto o primeiro-ministro.Ou então, se calhar, até é perfeitamente evidente.

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