As questões sobre as quais se tem centrado a negociação entre PS e PSD, que são o IRS jovem e a descida do IRC são questões relevantes, mas estão muito longe de esgotar as questões essenciais que vão estar em discussão no próximo Orçamento do Estado.
E mesmo que essas medidas sejam removidas, isso não transforma o Orçamento do Estado proposto pelo Governo PSD-CDS num bom orçamento, porque as questões fundamentais que terão de ser decididas nesta matéria têm que ver com qual vai ser a política salarial ou política de salários e pensões, quais vão ser as opções em matéria de reforço do SNS ou de desmantelamento do SNS e transferência de verbas para os grupos económicos privados, entre se haverá ou não uma política de habitação que responda aos problemas dos portugueses no acesso à habitação ou será uma política de habitação virada para o mercado. A questão de saber quais as opções em matéria de escola pública; opções em matéria de legislação laboral e, portanto, das grandes questões centrais que vão estar em discussão no próximo Orçamento de Estado e que têm que ver com traços fundamentais da política que o Governo pretende seguir não são, não se centram nem exclusiva, nem principalmente na questão do chamado IRS Jovem ou na questão do IRS.
E é claro que as medidas que o Governo propôs são medidas para o PCP inaceitáveis e que não devem constar do Orçamento de Estado. Mas o problema do Orçamento de Estado não está apenas aí, está em questões centrais que vão ter que estar em discussão e que, tanto quanto temos ouvido, têm estado ausentes dessas reuniões entre o PSD e o PS.