O frade dominicano Henri Lacordaire, no século XIX, dizia que “entre o forte e o fraco, entre o rico e o pobre, é a liberdade que oprime e a lei que liberta”.
É uma pena que muitos responsáveis da União Europeia não tenham apreendido o sentido das palavras deste religioso. E que tenham procurado impor, contra a vontade de muitos países ACP e com recurso à chantagem, os chamados Acordos de Parceria Económica. Este processo de imposição, ainda não concluído, ficará para História como uma das páginas mais negras desta dita parceria ACP-UE.
A imposição do livre comércio entre partes desiguais, entre o rico e o pobre, entre o fraco e o forte, não traz a prometida prosperidade que apregoam os seus arautos. Pelo contrário traz mais desigualdade e mais injustiças. O rico fica mais rico à custa de mais pobreza para o pobre.
Para que os próximos anos sejam mais profícuos do ponto de vista da cooperação para o desenvolvimento do que os anos que passaram precisamos de duas coisas: primeiro, instrumentos financeiros robustos, duradouros e previsíveis de apoio ao desenvolvimento, instrumentos respeitadores das especificidades e prioridades dos países em desenvolvimento; segundo, precisamos de uma efectiva coerência das políticas sectoriais com os objectivos de desenvolvimento, o que exige, por sua vez, uma alteração radical das políticas sectoriais europeias, das políticas agrícolas às políticas de regulação do sistema financeiro, passando pelas políticas comerciais, que deverão ser muito mais orientadas para a complementaridade e para o desenvolvimento do que para a competição entre partes desiguais.