Sempre considerámos que era um erro colossal agregar o programa Daphne a um programa mais amplo, retirando-lhe a especificidade deste objectivo e, sobretudo, retirando a alocação de recursos próprios para a luta contra a violência contra as mulheres. É evidente que esta estratégia se insere numa abordagem conservadora da questão, e que tenta esconder que a discriminação das mulheres é uma injustiça estrutural das nossas sociedades. A própria Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade de Géneros, aquando da discussão do regulamento do actual quadro financeiro plurianual, em parecer do qual fui a relatora, instou "a Comissão e o Conselho a terem em conta a questão da igualdade de género como objectivo específico no Programa "Direitos e Cidadania", assim como a manterem o programa Daphne como sub-rubrica independente deste programa". Esta posição foi completamente ignorada pela Comissão Europeia e pelo Conselho. Hoje, infelizmente, são várias as organizações que nos relatam as dificuldades acrescidas que têm no acesso a fundos para programas de combate à violência contra as mulheres.