Não é compreensível nem aceitável mais uma prorrogação, ou seja, mais um adiamento do direito consagrado de todos os deputados se poderem dirigir ao Parlamento Europeu na sua própria língua e de todos os documentos produzidos serem redigidos nas línguas oficiais. Já se passaram vários anos desde a adesão de alguns dos países cuja limitação ao uso da língua persiste, nomeadamente a Irlanda e a República Checa, sem que tenham sido encontrados os linguistas necessários. As justificações avançadas são vagas e inconsistentes, mas as prioridades financeiras não têm passado pela sua formação, o que nos leva a desconfiar dos seus objectivos. Não aceitamos que seja posto em causa o direito inalienável à diversidade cultural e linguística na UE, o que afectaria igualmente o Português. Não podemos aceitar esta discriminação.
Mais uma vez, manifestamos a nossa intransigência na salvaguarda da identidade cultural de cada Estado-Membro e de todas as línguas nacionais como línguas de trabalho e, neste sentido, o nosso voto só pôde ser contra esta decisão. É , afinal, a transposição para o plano cultural e linguístico daquilo que são as políticas orçamentais da UE, as quais dão prioridade ao investimento em armamento em vez da valorização da cultura e da salvaguarda do emprego.