Intervenção de Paulo Sá na Assembleia de República

A proposta de Orçamento do Estado para 2014 inclui medidas gravosas para os portugueses

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado João Almeida,
Como sabe, o Orçamento do Estado, apresentado pelo Governo, estabelece como meta para 2014 um défice orçamental no valor de 4%. E para atingir este objetivo, o Governo avança com um pacote de austeridade reforçado relativamente ao pacote de austeridade que está em vigor este ano.
E este ano, de acordo com o Orçamento retificativo, o valor atingido do défice será de 5,9%, apenas umas décimas inferior ao défice do ano passado, apesar de toda a austeridade que está a ser imposta aos portugueses.
Mas, Sr. Deputado João Almeida, a redução do défice orçamental, um elemento central no pacto de agressão da troica, subscrito pelo PS, pelo PSD e pelo CDS, é apenas um pretexto. Um pretexto que o Governo, o CDS e o PSD usam para concretizar uma velha aspiração da política de direita: a reconfiguração do Estado, destruindo as funções sociais do Estado, atacando os direitos laborais e sociais e espoliando os trabalhadores e os pensionistas dos seus rendimentos, ao mesmo tempo que se garante à banca e aos grandes grupos económicos os mesmos benefícios e privilégios.
Ou seja, o que o CDS, o PSD e a troica pretendem com a aplicação desta política é o Estado mínimo para quem trabalha e o Estado máximo para a banca e os grandes grupos económicos. E a consolidação orçamental, que lhe «enche a boca», Sr. Deputado João Almeida, é apenas um pretexto, um instrumento para atingir este objetivo.
O Governo, o PSD e o CDS não têm hesitado, no âmbito desta política da troica, em atacar, de uma forma brutal, os direitos e os rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas.
E relativamente a estes últimos, os reformados e os pensionistas, o ataque é particularmente feroz: corte de 10% nas pensões futuras por via da alteração da fórmula de cálculo; corte de 10% nas pensões já atribuídas, com efeito retroativo nas pensões com valor superior a 600 €; corte nas pensões de sobrevivência a partir de 419 €, facto que o Vice-Primeiro-Ministro Paulo Portas muito convenientemente se esqueceu de referir na recente conferência de imprensa.
Sr. Deputado João Pinho de Almeida, há uns meses a Ministra do CDS Assunção Cristas, a propósito da lei dos despejos, falava neste Parlamento do princípio da tranquilidade na velhice, e é exatamente este princípio que o Governo do PSD e em particular o CDS se esforçam por destruir.

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