Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

A propósito do anunciado alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia

Reiterando as suas posições relativas à situação na Europa e ao conflito na Ucrânia, o PCP condena a escalada de guerra e militarismo em curso, contrária aos interesses dos trabalhadores e dos povos, e alerta para os sérios perigos que uma tal escalada comporta, nomeadamente para outros patamares de confrontação mais globais.

O anunciado alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia, não só não traz segurança, como representa um sério agravamento da tensão na Europa e no plano internacional. A concretizar-se, significará um salto qualitativo no processo de alargamento da NATO que leva a presença deste bloco político-militar junto às fronteiras da Federação Russa, um dos factores que está na origem do agravamento da situação na Europa e da actual guerra na Ucrânia.

O alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia colocará em causa a tradicional neutralidade destes dois países nórdicos – recorde-se a Conferência sobre Segurança e Cooperação na Europa, realizada em Helsínquia, na Finlândia, entre 1973 e 1975, e os princípios para as relações, segurança e cooperação consagrados na sua Acta Final –, marcando uma drástica viragem na sua política externa que, significativamente, é levada a cabo de forma precipitada e evitando que os povos desses países se possam pronunciar sobre uma decisão com tão inquietantes consequências para os próprios e para todos os outros povos da Europa.

O primeiro alargamento da NATO após o desmembramento da União Soviética verificou-se em 1999, sendo acompanhado pelos ilegais bombardeamentos da NATO contra a Jugoslávia, que trouxeram pela primeira vez a guerra à Europa após a Segunda Guerra Mundial e serviram para impor a desagregação da Jugoslávia.

Os cinco alargamentos da NATO verificados desde 1999 não apenas contrariam compromissos assumidos desde o fim da República Democrática Alemã e sua integração na República Federal da Alemanha, em 1990, como têm sido acompanhados da promoção de forças hostis à Federação  Russa, incluindo forças abertamente fascistas que idolatram os colaboracionistas com os nazis durante a Segunda Guerra Mundial. Têm sido igualmente acompanhados do avanço de manobras, instalação de equipamentos e provocações militares cada vez mais próximas das fronteiras da Federação Russa.

O alargamento da NATO à Finlândia e à Suécia não é uma questão nova, determinada por uma necessidade de segurança. Pelo contrário, dá sequência a um processo iniciado em 1994, quando a Finlândia e a Suécia aderiram à chamada Parceria para a Paz da NATO, e como a própria NATO salienta, ambos os países têm sido «dos mais activos parceiros» deste bloco político-militar, nomeadamente participando nas suas ocupações nos Balcãs, no Afeganistão ou no Iraque. 

O anunciado novo alargamento da NATO é acompanhado por brutais aumentos nas despesas militares dos seus países membro. O dinheiro que alegadamente nunca existe para aumentar salários, reforçar os sistemas públicos de saúde, segurança social e ensino, ou outros investimentos sociais, é milagrosamente encontrado para financiar despesas belicistas. O aumento de gastos na máquina de guerra das potências da NATO, além de representar uma escalada nos perigos de guerra, servirá ainda de pretexto para novos ataques contra as condições de vida dos trabalhadores e dos povos.

O PCP sublinha que a actual escalada de militarismo e guerra é inseparável do aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e da recusa das potências imperialistas em aceitar a realidade duma nova correlação de forças no plano internacional. Os EUA e as grande potências da UE procuram contrariar o seu declínio relativo e afirmar pela força uma dominação hegemónica planetária que já não tem correspondência com as novas realidades económicas, como fica também patente na aberta escalada dos EUA e dos seus aliados contra a República Popular da China, nomeadamente em torno de Taiwan. 

O PCP deplora o explícito empenho do Governo português neste novo alargamento da NATO e na escalada de confrontação, numa clara expressão de submissão aos interesses dos EUA. Os trabalhadores e o povo português sabem o que a NATO representou, quer quando em 1949 a adesão de Portugal a esta aliança agressiva foi usada para dar suporte à ditadura fascista, quer quando em plena Revolução de Abril esta fez soar ameaças à jovem democracia portuguesa.

O PCP apela ao reforço da luta pela paz, contra a escalada de guerra, a corrida aos armamentos, o aumento das despesas militares, contra o autoritarismo e a promoção de forças fascistas e fascizantes, pelo fim dos blocos político-militares, pelo desarmamento geral, simultâneo e controlado. 

Cabe aos povos a palavra determinante na construção da História. É urgente travar o caminho para o abismo para o qual o imperialismo quer conduzir a Humanidade.

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