Sr. Presidente,
Srs. Deputados,
Sr. Deputado José Soeiro, do Bloco de Esquerda,
Este é um Governo que empurra os jovens para a emigração e que condena e hipoteca o futuro dos que cá ficam.
São centenas de milhares de portugueses, milhares e milhares de jovens, que são atirados para uma emigração forçada, que não é uma opção. Hoje não se escolhe ir estudar ou trabalhar para outro país porque se quer, hoje vai-se para outro país porque aqui, em Portugal, não há opção, porque este é um governo que nega o futuro aos portugueses e aos jovens portugueses.
À necessidade de valorização do aparelho produtivo, o Governo responde com a destruição da produção nacional. À necessidade imperiosa da valorização dos salários e do trabalho, o Governo responde com cortes salariais, com um brutal aumento de impostos sobre o trabalho e com um aumento do custo de vida que significa, hoje, empobrecer a trabalhar.
À necessidade de serviços públicos e de serviços de proximidade, imprescindíveis para responder às populações, o Governo responde com o encerramento de escolas, de balcões da segurança social e de repartições de finanças.
À necessidade de defesa da escola pública e dos seus profissionais, o Governo responde com cortes inaceitáveis e um profundo subfinanciamento, com precariedade e despedimento de professores.
À necessidade de defesa de valorização do Serviço Nacional de Saúde e também dos seus profissionais, o Governo responde encerrando centros de saúde, liquidando serviços e valências hospitalares e desvalorizando os seus trabalhadores. E são cada vez mais os médicos e os enfermeiros que vão para fora, levando consigo todo o conhecimento adquirido e o capital de experiência que têm.
A grande maioria dos jovens portugueses, no final dos seus estudos, tem as seguintes saídas: desemprego, precariedade ou emigração. Os portugueses e os jovens que são empurrados para a emigração são necessários cá, são necessários no nosso País e não é uma manobra de propaganda do Governo, com a criação de um programa iníquo, que irá trazer de volta aqueles que foram obrigados, por este mesmo Governo PSD/CDS, a procurar um futuro lá fora.
Só uma rutura com estas políticas e com este caminho, só políticas assentes na valorização do trabalho e dos salários, na valorização da produção nacional, na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado e na garantia dos direitos laborais e sociais conquistados poderão dar, de facto, uma resposta à realidade dos trabalhadores e do povo português.
Sr. Deputado, considera ser possível dar uma outra perspetiva aos portugueses que emigraram, sem romper com aquela que tem sido a política dos PEC e do pacto de agressão?
Não considera que só uma política alternativa permitirá aos jovens serem felizes no seu País e aqui cumprirem os seus sonhos e aqui construírem as suas vidas?