O Serviço Nacional de Saúde foi alvo das políticas de vários governos, do PS, PSD e CDS que visaram abrir caminho para a destruição deste serviço público fundamental. Neste momento a direita e os grupos económicos privados aprestam-se para colher o que os últimos anos de Governo PS semearam. O estado em que se encontra o SNS é grave, mas recuperável. O PCP não desiste do SNS e apresenta um conjunto de medidas urgentes, capazes de inverter a sua degradação.
Medidas urgentes
1- Contratar mais, atrair e reter profissionais, melhorando as condições de trabalho
Propostas:
- Consagrar, até ao final do primeiro semestre, a opção de dedicação exclusiva para os médicos e enfermeiros – com a majoração de 50% da sua remuneração base e o acréscimo de 25% na contagem do tempo de serviço;
- Criar, até ao fim do primeiro semestre, um novo regime de incentivo à fixação de profissionais em zonas carenciadas através da valorização da sua remuneração base, de um mecanismo específico de reforma antecipada e de um apoio para as despesas com a habitação;
- Alargar as valências no SNS, promovendo a contratação de novos profissionais, como por exemplo médicos dentistas e técnicos de saúde oral, terapeutas, técnicos de saúde visual, ou psicólogos;
- Concretizar uma revisão negociada das carreiras da área da saúde, a vigorar a partir de 2025, garantindo uma efectiva progressão nas mesmas, a melhoria das remunerações e das condições de trabalho.
- Negociar, até ao final de 2024, com as organizações representativas dos trabalhadores da saúde, um regime de promoção do regresso de profissionais saídos do SNS nos últimos anos.
- Continuar a aumentar de forma significativa as vagas disponíveis nas faculdades de medicina do ensino superior público, garantindo o necessário reforço dos meios financeiros das instituições.
2- Melhorar o acesso aos cuidados, valorizar a prevenção da doença e a promoção da saúde. Assegurar o acesso aos medicamentos.
Propostas:
- Garantir até final de 2025 médico e enfermeiro de família para toda a população nos cuidados primários de saúde do SNS, podendo ser criados mecanismos especiais de apoio à contratação;
- Programar a recuperação das listas de espera em consultas de especialidade, cirurgias, exames e tratamentos, predominantemente assente no aumento da capacidade dos serviços públicos;
- Garantir, até ao final de 2024, a existência de meios de diagnóstico e terapêutica de menor complexidade em todos os centros de saúde;
- Garantir até ao final de 2025 a existência de uma rede de urgências básicas ou atendimentos permanentes, facilmente acedíveis em todo o território, para acorrer às necessidades de saúde agudas que dispensem intervenção hospitalar.
- Garantir cuidados de saúde oral, de saúde visual, de medicina física e de reabilitação e de nutrição em todos os centros de saúde, de forma progressiva até final de 2025;
- Garantir o pleno acesso aos cuidados medicamentosos, promovendo a gratuitidade para maiores de 65 anos, doentes crónicos ou com carências económicas, incentivando o uso de medicamentos genéricos e prevenindo as roturas de disponibilidade;
- Aumentar em 100% nos próximos quatro anos, a capacidade de resposta em cuidados continuados e cuidados paliativos, em particular nas regiões mais carenciadas;
- Promover a avaliação da reabertura de extensões, centros de saúde e serviços hospitalares encerrados nos últimos 12 anos, dando prioridade à proximidade às populações;
- Reforçar as Equipas Locais de Intervenção (ELI), recuperando as significativas listas de espera existentes;
- Reforçar os cuidados de saúde mental, reforçando os meios humanos e materiais que lhes estão dedicados e garantindo a sua presença em todas as fases da vida e, designadamente, em meio escolar e laboral;
3- Reforçar meios financeiros e técnicos, aumentar a capacidade do SNS. Propostas:
- Adequar o financiamento do SNS às necessidades do seu funcionamento e reforçar o investimento público;
- Aumentar a capacidade hospitalar do SNS, modernizando e actualizando as unidades existentes, planeando e construindo mais unidades e aumentando o número de camas de internamento de agudos;
- Renovar e modernizar equipamentos de diagnóstico e terapêutica, nomeadamente o designado por equipamento pesado, com destaque para a área de oncologia.
4- Um SNS com melhor organização, articulado e com gestão democrática.
- Gestão pública de todas as unidades do SNS e dos respectivos serviços, sejam de prestação directa de cuidados sejam de apoio, garantindo a sua autonomia e promovendo a internalização do que foi entregue aos privados;
- Escolher por concurso público o director executivo nos ACES e o presidente do conselho de administração nos hospitais, sendo eleitos os restantes cargos de administração e gestão clínica;
- Reverter o actual modelo de Unidades Locais de Saúde;
- Uniformizar em todo o País um só modelo de funcionamento das Unidades de Saúde Familiar (USF), incentivando o funcionamento por ganhos em saúde, eliminando da lei as USF C e revogando as alterações recentes que criam constrangimentos à autonomia dos profissionais de saúde no seu exercício.
5- Disciplinar as relações do Estado com o sector privado e promover a sua verdadeira fiscalização
Propostas:
- Reforçar os meios de fiscalização dos contratos do SNS com o sector privado, bem como as obrigações de transparência e fiscalização efectiva na sua actividade directa com os utentes;
- Racionalizar gastos com medicamentos, designadamente de consumo hospitalar, reforçando os meios do Infarmed e das comissões de farmácia e terapêutica de cada unidade;
- Promover a crescente utilização de medicamentos genéricos e biossimilares, garantindo a racionalização dos custos sem perda de acesso dos utentes.