Lêssemos apenas a resolução hoje aprovada e seríamos levados a crer nas mais genuínas e benévolas intenções da UE relativamente à dita "União para o Mediterrâneo". Da sua linguagem cuidada, apenas emergem uns laivos de ingerência e o omnipresente objectivo de "criar uma zona de comércio livre " e da "liberalização do comércio", acompanhadas, certo seja, de paliativos e da retórica "social" e "ambiental".
Mais clara é a Comissão Europeia que aponta "o Mediterrâneo como uma área de vital importância estratégica para a UE em termos políticos e económicos". Refere o "significativo progresso que tem sido conseguido relativamente ao estabelecimento de uma área Euro-Mediterrânica de livre comércio até 2010", apontando a "necessidade dos parceiros da UE realizarem mais profundas e rápidas reformas". A Comissão avança um conjunto de prioridades, como os transportes (apontando a "possibilidade de estabelecer um regime de concessões" ao sector privado e "acompanhada de medidas governamentais de liberalização das trocas comerciais e da abolição dos diferentes obstáculos não tarifários que as entravam") e o "aprofundamento da integração dos mercados energéticos".
A UE ambiciona controlar económica, política e militarmente toda a região do Mediterrâneo, procurando dominar os seus mercados e explorando os seus imensos recursos.
É o capitalismo, estúpido!