(proposta de Lei n.º 244/XII/3.ª)
Sr. Presidente,
Sr.ª Ministra de Estado e das Finanças,
As contradições discursivas do Governo, a que o meu camarada Paulo Sá já aqui se referiu, encobrem o verdadeiro conflito, a verdadeira contradição, a contradição de classe que as políticas deste Governo encerram e que a cada política se manifesta.
O mesmo Governo que disponibiliza agora 4,9 milhões de euros para salvar bancos, e que ao longo dos últimos três anos já disponibilizou 9,5 milhões de euros para recapitalização da banca privada, o mesmo Governo que dá de mão beijada milhões de euros, aliás, no ano passado mais de um milhar de milhão de euros em benefícios fiscais a grandes grupos económicos, o mesmo Governo que diminui o IRC para os grandes grupos económicos, sacrificando a receita fiscal no Orçamento do Estado, o mesmo Governo que prevê e governa no sentido do endividamento do País, do empobrecimento da população, da fragilização do aparelho produtivo para aumentar a parcela dos recursos públicos que é afeta a juros da dívida, é o Governo que corta os salários aos trabalhadores da função pública, pressionando assim todos os salários, ao dar o exemplo, para que também no privado se passe aquilo que se vai passando, que é a redução salarial.
Esta contradição de classe, Sr.ª Ministra, não lhe pedimos que explique porque a compreendemos bem. Quem está do lado dos poderosos, quem defende os grandes grupos económicos, quem se comporta como uma comissão de negócios e usa a República como se fosse o espaço do negócio dos grandes grupos económicos não pode estar do lado das populações, não pode estar do lado dos homens, mulheres e jovens que, em Portugal, vivem do seu trabalho e não pode estar do lado daqueles que passaram uma vida a trabalhar e que, agora, em vez de descanso, têm cortes e roubos nas pensões.
Sr.ª Ministra, se não lhe pedimos que explique, deixamos aqui uma nota importante. É que este Governo já só tem o apoio desses para quem governa, já só tem o apoio dos poderosos e um governo, mesmo com o apoio dos poderosos, que governe contra o seu povo, numa democracia, não pode continuar a governar, Sr.ª Ministra.