1. O Governo do PS concretizou hoje a privatização dos 10% do capital que o Estado Português ainda detinha no Grupo PT. Com esta operação bolsista o PS encerra o processo da entrega total ao grande capital financeiro (o capital privado fica com 99,9%) do 3º maior grupo económico público estratégico e um dos mais rentáveis. Entre 1995 e 1999 gerou resultados positivos de cerca de 600 milhões de contos, pagando de IRC mais de 200 milhões e, só no 1º semestre de 2000, gerou de receita total 486,2 milhões de contos e um resultado líquido (lucros) de 57,4 milhões de contos.
2. Após esta OPV final, o Estado ficará com 500 acções e com a chamada golden share que apenas servirá para continuar a avalizar as actuais estratégias em curso. O balanço de 5 anos da política do PS para o Grupo PT é desastroso para os trabalhadores do sector e o país: privatizou (só à sua conta) 72,7% do seu capital social; liquidou mais de 6000 postos de trabalho efectivos e tem em curso a redução de mais 1100 ( na PT-Comunicações) até final do ano; generalizou o recurso de "serviços ao exterior" com a entrega de áreas vitais a empresas onde predomina o trabalho precário e sem direitos; procedeu a várias reestruturações de que resultou a criação de mais de uma dezena de empresas e lugares para mais de 100 administradores (eram 7 em 1995), com remunerações mensais, para muitos, superiores a 5 mil contos (ganhavam 700 contos em 1996); agravou brutalmente o preço das tarifas de telefone para a maioria dos assinantes da rede fixa.
3. O sentido mais profundo das opções do PS foi meter sucessivamente o interesse nacional na gaveta para entregar um sector estratégico do país ao interesse do capital financeiro. O PS e o seu governo, com o apoio do PSD e do CDS/PP, está a promover o saque do melhor património público produtivo do país e a realizar, com o seu leilão, uma das maiores negociatas do século em Portugal.
4. O PCP reafirma que é hoje ainda mais imprescindível manter o Grupo PORTUGAL TELECOM, principal instrumento do País nas telecomunicações, sob o controlo do Estado Português e com capacidade competitiva, modernizado, com o respeito e aprofundamento dos direitos dos trabalhadores e a prestação de um serviço público de qualidade. Tal posição de controlo do Estado é compatível com uma política de alianças internacionais, feita numa base de salvaguarda do interesse nacional e do desenvolvimento integrado do sector e é essencial, face ao chamado processo de liberalização das telecomunicações, para que Portugal não fique nesta área totalmente dependente de estratégias e interesses estrangeiros.
5. Para o PCP, um sector público da economia moderno e eficaz é condição essencial para o exercício da soberania nacional e para assegurar o desenvolvimento integrado de Portugal no sentido da satisfação crescente das necessidades materiais e culturais do povo português.