Não podemos aceitar o desenvolvimento de infra-estruturas energéticas, assente numa base de mercado, constituindo mais um passo na prossecução do "terceiro pacote do mercado interno da energia", como refere o relatório. O seu objectivo vai no sentido de permitir "a livre troca de energia em todos os interconectores de transmissão entre países e/ou diferentes zonas tarifárias", ou seja, a liberalização do mercado energético.
O desenvolvimento de infra-estruturas energéticas deve ser da responsabilidade de cada Estado-membro, enquanto propriedade do domínio público, contribuindo para um serviço público de abastecimento energético. Mas no relatório, pelo contrário, refere-se que os fundos públicos comunitários destinados ao apoio a projectos para desenvolvimento de infra-estruturas serão canalizados para os projectos de interesse europeu, ou seja, os que contribuem para "realizar o mercado interno da energia ....aumentar a integração, a concorrência e a liquidez do mercado".
A insistência na política da liberalização, no mercado privado da energia, já demonstrou ser extremamente negativa, quer no aumento do desemprego e da multiplicação de problemas técnicos, quer a nível do preço da energia no consumidor, quer nas suas consequências para o aumento da pobreza energética, quer no aumento da escalada de dependência energética em que estão a colocar alguns Estados-membros.
Daí o nosso voto contra o relatório.