Intervenção de Miguel Tiago na Assembleia de República

Princípios orientadores da organização e da gestão dos currículos, da avaliação dos conhecimentos e capacidades a adquirir e a desenvolver pelos alunos dos ensinos básico e secundário (declaração de voto)

(projeto de resolução n.º 423/XII/1.ª)

Sr.ª Presidente,
Srs. Deputados,
A Assembleia da República perdeu hoje uma oportunidade para travar a ofensiva que o Governo está a levar a cabo contra a escola pública, contra o emprego docente, aliás, contra as características mais fundamentais da escola pública.
A escola pública sofreu hoje um rude golpe nos seus fundamentos: de uma escola para a emancipação individual e coletiva do ser humano, cada vez mais, passamos para uma escola para a reprodução das assimetrias sociais, para uma escola que, por via desta revisão curricular, se vê privada do ensino pela arte, se vê privada do desporto, uma escola sem poesia, sem teatro, sem os clubes, uma escola cada vez mais virada…
Como dizia, uma escola orientada precisamente para a recriação da escola dual, para que os filhos dos trabalhadores sigam um caminho que é apenas o de saber fazer e os filhos daqueles que têm capacidades possam prosseguir os estudos até aos mais elevados níveis.
Com isso, dezenas de milhares de horários são suprimidos, dezenas de milhares de professores ficam sem emprego, naquele que é o maior despedimento coletivo de que há memória em Portugal.
Perdeu-se uma boa ocasião para travar esta intenção do Governo, mas PSD e CDS, para dizerem «sim» à troica e a pretexto do economicismo, tiveram de dizer «não» à escola pública e à educação.

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