Primeira alteração à Lei n.º 55-B/2004, de 30 de Dezembro (Orçamento do Estado para 2005)
Intervenção de Bernardino Soares
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, serei muito breve porque o tempo é
escasso. Vou colocar-lhe duas ordens de questões, a primeira das quais é sobre a proposta de Orçamento
rectificativo que estamos a discutir.
Assim, saliento que, com esta proposta de Orçamento, mantém-se o não cumprimento da Lei de Bases
da Segurança Social em relação às transferências para o fundo de capitalização. Como esta excepção tem
estado a ser aplicada sistematicamente durante os últimos anos, tememos que o que foi considerado uma
excepção para aplicar em situações verdadeiramente extraordinárias se torne, afinal, uma regra sempre ao
dispor dos governos, os anteriores e o actual, para obviar ao cumprimento da lei.
Em segundo lugar, daqui por diante, esperamos sérios perigos perante o que se entrevê do discurso do
Sr. Ministro. É porque não sabemos como vai ser combatida a necessidade de financiamento adicional da
segurança social, se será através de um verdadeiro combate à fraude, dotando os serviços de inspecção
dos meios necessários, se será através da diversificação das fontes de financiamento, por exemplo, aproveitando
uma proposta que nós próprios apresentámos nesta Assembleia, em 2002 e em 2003,
relativamente à consideração do valor acrescentado bruto das empresas, ou, ainda, se vai ser com a
diminuição de mais direitos dos trabalhadores através da alteração da fórmula de cálculo de pensões.
Desafiamos, portanto, o Governo a, em vez de ir por esse caminho, aprovar as nossas propostas de
alteração que repõem, neste Orçamento, a transferência, para o fundo de capitalização, de verbas no valor
de mais dois pontos percentuais e, também, as propostas que fizemos, e faremos, sobre a diversificação
das fontes para o financiamento da segurança social.
Vozes do PCP : — Muito bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro das Finanças, Srs. Deputados: Sr.
Ministro, começamos finalmente a ver a ponta ao «Plano B», que, ao longo das últimas semanas, temos
pedido que seja esclarecido.
Vozes do PCP : — Afinal, existe!
O Orador: — O que o Sr. Ministro pode fazer para descansar todos os portugueses, especialmente
os mais desfavorecidos, que querem saber se vão pagar mais ou menos impostos, é dizer que as
deduções, os abatimentos, isto é, todas aquelas despesas de carácter social importantes para a vida de
cada um, vão ser actualizadas pelo menos no montante da inflação, no próximo Orçamento do Estado, e
que não vão ser diminuídas.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Exactamente!
O Orador: — É a única garantia que nos pode descansar em relação a essa matéria.
Caso contrário, o que vamos ter é manutenção de taxas, mas aumento efectivo do pagamento desses
impostos pela diminuição das deduções e dos abatimentos.
Aplausos do PCP.