Este debate confirma a perenidade da santa aliança entre a direita e a social-democracia. Os matizes no discurso não escondem a convergência de posições.
Vale para a Nova Democracia e o PASOK na Grécia, vale para PSD-CDS e o PS em Portugal.
Àqueles que falam de investimento e crescimento mas se recusam a aceitar a necessidade de renegociar as dívidas, perguntamos: como o querem fazer? Não querem, na verdade. Não pensam fazê-lo.
Veja-se o caso de Portugal. Até 2020, o país pagará só em juros da dívida o triplo do que irá receber de fundos estruturais e de investimento da União Europeia. Que investimento é possível nestas condições? Não é.
O bodo dos ricos à conta dos pobres continua. O programa de expansão quantitativa do aclamado Draghi, que nacionaliza os riscos das operações de compra de dívida soberana mas reparte os lucros, põe países como Portugal a financiar a Alemanha, através dos juros cobrados sobre a sua dívida.
Nada de novo: são os povos da periferia a pagar os ganhos do centro.
A renegociação da dívida é necessária e inevitável mas não é, por si só, suficiente.
É necessário romper com as políticas, os instrumentos e os mecanismos da integração capitalista, intrinsecamente injustos, geradores de assimetrias e desigualdades.