É mais um exemplo da defesa dos interesses dos grupos económicos e financeiros da União Europeia à custa da indústria dos países de economias mais frágeis. Ao introduzir preferências comerciais autónomas de emergência para o Paquistão, a Comissão Europeia está a trazer para o âmbito da ajuda humanitária o que se situa no âmbito estrito dos interesses comerciais de alguns, do negócio, puro e simples.
É um exercício de hipocrisia que utiliza a catástrofe natural que se abateu sobre o Paquistão para fazer vingar pretensões de alguns grandes grupos económicos das potências da União Europeia, que irão prejudicar a indústria têxtil da UE e os países e regiões dela mais dependentes. É um impacto grave num sector profundamente atingido pela liberalização do comércio mundial, que se concentra em regiões com elevados níveis de desemprego, de pobreza e de reduzida diversificação económica, como várias regiões do Norte e Centro de Portugal.
Por isso, apoiámos a proposta de rejeição do acordo e lamentamos que não tenha sido aprovada. Mas apoiámos também o seu retorno à Comissão, esperando que ainda seja possível ter em conta a posição da Assembleia da República, em Portugal, que aprovou uma Resolução contra estas cedências comerciais. A necessária solidariedade ao Paquistão deve ser uma ajuda genuína, em políticas de cooperação e de ajuda ao desenvolvimento.