Face a sucessivas denúncias de produtores que sobrevivem (os que sobrevivem) com a corda na garganta, a Comissão Europeia tem o peculiar e muito conveniente entendimento de que, por definição, no mercado interno não há dumping. Mas a verdade é que continuam a aparecer nas prateleiras dos supermercados, todos os dias, produtos a preços impossíveis, inferiores aos custos de produção, que arrasam os produtores; e que tendem a arrasar sectores de produção nacionais inteiros.
Os exemplos são em demasia. Veja-se o caso do queijo, oriundo do centro da Europa, à venda em Portugal em grandes superfícies comerciais a preços que não pagam sequer o custo do leite a partir do qual foi feito.
A verdade é bem diferente da versão da comissão. O dumping não só existe como é inerente ao funcionamento do mercado interno. Um mercado feito a medida dos grandes grupos económicos, incluindo os da grande distribuição, da sua pulsão imperial e colonizadora, que arrasa sistemas produções e produtores e que contribui para nivelar por baixo as condições de vida e de trabalho na Europa.