A resolução do Parlamento Europeu, denominada “Reconhecimento da Federação Russa como um Estado patrocinador do terrorismo”, integra-se na política de confrontação e guerra que tem vindo a ser promovida na Europa, visando o seu agravamento e prolongamento.
Uma resolução que, alinhando com o Senado e a Câmara de Representantes dos EUA e a Assembleia Parlamentar da NATO, entre outras entidades: instiga à continuação da guerra; visa obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo com vista à resolução pacífica do conflito; e anima o prosseguimento da política de confrontação, cerco e isolamento da Rússia, dificultando possíveis entendimentos entre as partes e o apaziguamento e normalização das relações no plano internacional.
O Parlamento Europeu procura, assim, seguir os passos dos EUA que proclamam, à margem das Nações Unidas e do direito internacional, ditos “estados patrocinadores do terrorismo”, como o fez a administração norte-americana, presidida por Donald Trump, relativamente a Cuba, em 12 de Janeiro de 2021. Recorde-se ainda que os EUA mantiveram até 2008 na sua dita “lista de terroristas” o ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela. Exemplos que atestam da ilegitimidade, carácter instrumental e hipocrisia de tais ditas “listas”.
Aliás, é significativo que, no seu cínico afã, o Parlamento Europeu feche os olhos à ilegal ocupação de territórios da Palestina e à opressão do povo palestiniano por parte de Israel, à guerra no Iémen, às guerras dos EUA, da NATO e dos seus aliados contra a Jugoslávia, o Iraque, o Afeganistão, a Líbia ou a Síria, e o seu rol de morte, sofrimento, destruição e milhões de deslocados e refugiados.
Entre outros aspectos profundamente negativos da resolução, saliente-se o intuito de atribuir um pretenso e ilegal carácter extraterritorial à política de confrontação e guerra, que o Parlamento Europeu procura fomentar, ao solicitar à Comissão e aos Estados-Membros que considerem possíveis medidas contra países terceiros que tenham uma posição própria sobre o relacionamento com a Rússia e as sanções impostas pela UE, apelando abertamente e de forma inaceitável à pressão e chantagem sobre estes países.
Saliente-se ainda o intuito do Parlamento Europeu de impor um pensamento único quanto ao conflito na Ucrânia – às suas causas, responsáveis e caminhos que se exigem –, assim como de reescrever a história, promovendo o anti-sovietismo e branqueando o fascismo.
A instigação da guerra, a deriva militarista, a espiral de sanções impostas pelos EUA, a União Europeia e a NATO estão a provocar uma séria deterioração da situação económica e social, com a desenfreada especulação, o vertiginoso aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade.
Conscientes dos sérios perigos que esta política comporta para os povos da Europa e do mundo, os deputados do PCP no Parlamento Europeu reafirmam que é urgente que os EUA, a NATO e a União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução
política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.
É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis, para o que esta resolução, e o caminho que aponta, contribui.