Intervenção de João Oliveira na Assembleia de República

Pôr fim ao desastre — rejeitar o pacto de agressão, por uma política patriótica e de esquerda

(debate da moção de censura n.º 3/XII/2.ª)
Sr.ª Presidente,
Sr. Primeiro-Ministro,
O senhor e o seu Governo merecem censura porque enganam as pessoas e arruínam o País.
Os senhores apresentaram-se às eleições dizendo aos portugueses que não era possível aguentar mais sacrifícios e, no último ano, não fizeram outra coisa senão impor mais sacrifícios aos mesmos, aos do costume.
Os senhores diziam que era preciso aplicar o pacto de agressão para reduzir o endividamento, para reduzir o défice e para reduzir o desemprego, porque tudo isso hipotecava o futuro das novas gerações. Ao fim de um ano, temos uma dívida maior, um défice que não para de crescer e um desemprego que bate recordes, e sempre com previsões de agravamento.
Os senhores enganaram o povo e as novas gerações, para quem, afinal, só tinham preparado o convite à emigração e uma política de pleno desemprego e redução de salários.
Quanto à dívida, Sr. Primeiro-Ministro, gostava de fazer a seguinte citação: «Temos um Estado que deve 151 000 milhões de euros. Os juros são colocados a níveis absolutamente proibitivos e assustadores. No Orçamento já constam 6300 milhões de euros só para pagar os juros da dívida do Estado, o que corresponde a dois terços de todo o IRS que é pago em Portugal. Ou seja, de facto, as pessoas estão a trabalhar para pagar os juros da dívida ao estrangeiro». Sabe de quem são estas palavras, Sr. Primeiro-Ministro? Estas palavras são do Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, seu parceiro de coligação, do CDS-PP, Dr. Paulo Portas, em 2011.
E sabe qual é o drama, Sr. Primeiro-Ministro? O drama não é a contradição entre aquilo que diz o Dr. Paulo Portas e aquilo que faz o Dr. Paulo Portas, porque essa já uma marca conhecida da desonestidade do CDS, o ex-partido do contribuinte.
O drama disto, Sr. Primeiro-Ministro, é que, um ano depois do Governo da direita e do pacto de agressão, da coligação do PSD e do CDS-PP, a dívida já não é de 151 000 milhões de euros, é de 198 000 milhões de euros, os juros da dívida já não são de 6300 milhões de euros, são de 7523 milhões de euros, e já não correspondem a dois terços do IRS, correspondem a três quartos do IRS pago por todos os portugueses. Este é o verdadeiro drama!
O drama é que, para os senhores continuarem a prestar vassalagem à troica e aos interesses do capital, estão a arruinar a vida dos portugueses e o futuro do País.
É por isso que o povo exige a demissão do Governo e é por isso que o PCP apresenta esta moção de censura.

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