No dia 11 de maio vários jornalistas preparavam-se para fazer a cobertura de uma incursão do exército israelita na cidade palestiniana de Jenin. Estavam identificados como jornalistas em serviço, com o colete de proteção e, nas imediações, não estava mais ninguém, não havia nenhuma manifestação, nem arremesso de pedras sobre o exército de ocupação. Entre os jornalistas estava Shireen Abu Akleh, em serviço para a Al-Jazeera desde 1997. Jornalistas experimentados, procuravam a melhor localização, observando as regras de segurança necessárias para o exercício da sua profissão.
Naquela manhã, atiradores da unidade 127 do exército israelita dispararam sobre Ali al-Samoudi, igualmente jornalista da Al-Jazeera, atingindo-o nas costas. Como ele próprio afirmou, “dispararam sem aviso sobre nós, sem que nos mandassem afastar ou que parássemos de filmar”. O segundo tiro foi apontado à cabeça de Shireen Abu Akleh. Mujahed al-Saadi, um outro jornalista presente no local, conta que os disparos dos soldados israelitas se prolongaram “por mais de três minutos”, impedindo o socorro imediato e a evacuação de Shireen Abu Akleh. Já no hospital foi declarada morta. O seu funeral em Jerusalém foi uma impressionante manifestação de homenagem e unidade nacional do povo palestiniano, tendo sido reprimido à bastonada e a pontapé por soldados do exército de Israel, incluindo aqueles que carregavam o seu caixão.
Desde o início do ano, segundo o Centro Palestino de Direitos Humanos, 40 jornalistas foram feridos no exercício da sua profissão pelo exército israelita.
A Assembleia da República, manifesta o seu profundo pesar pela morte da jornalista Shireen Abu Akleh e expressa a sua mais viva condenação por este hediondo ato cometido pelo Estado de Israel que, sendo um atentado à liberdade de imprensa, é mais um crime somado à longa lista de ilegalidades contra o povo palestiniano e os seus direitos, nomeadamente à liberdade.