Sabe-se que a indústria têxtil e do vestuário continua a ser muito
importante na União Europeia alargada, empregando cerca de 2,7 milhões
pessoas, fundamentalmente mulheres, depois de ter perdido cerca de 850
mil empregos e muitos milhares de empresas, entre 1990 e 2001.
Assim, a ameaça de supressão total das quotas de importação, em 1 de
Janeiro do próximo ano, pode causar problemas sérios ao desenvolvimento
e agravar o desemprego, sobretudo em zonas de grande concentração
destas indústrias, como acontece em Portugal, com destaque para o Norte
e as Beiras. Registe-se que a deslocalização de multinacionais está já
a criar problemas, como acontece neste momento com a Brax Portuguesa,
de capitais alemães, que ameaça encerrar a sua fábrica no município
onde resido, Vila Nova de Gaia, e enviar para o desemprego 450
trabalhadores, na sua maioria mulheres.É uma situação inadmissível que
é necessário impedir.
É preciso ter em conta que este sector
têxtil é estratégico para a União Europeia, com grandes potencialidades
no futuro, e que pode dar um enorme contributo para a coesão económica,
social e territorial. Ou acontecerá o contrário, com mais desemprego e
bloqueios ao desenvolvimento, se isto não for tido em conta.
Daí
as propostas que apresentamos, na defesa da óptica da fileira
produtiva, sendo todas as partes essenciais para manter um todo coeso,
mantendo linhas de produtos de qualidade média e produtos de alto valor
acrescentado, bem como o potencial de emprego.
Por isso,
consideramos essencial que a Comissão apresente um plano de acção que
seja concreto, coeso e explícito quanto aos instrumentos, aos meios
financeiros e ao calendário, dando particular atenção à promoção da
inovação e da utilização de novas tecnologias no sector, ao reforço da
inter-acção entre todas as fileiras da indústria, à execução de um
programa de formação profissional, à modernização e reforço dos apoios
às pequenas e médias empresas do sector e à defesa do ambiente.
Impõe-se também definir um programa comunitário - com adequados meios
de apoio - para o sector têxtil e vestuário, particularmente para as
regiões mais desfavorecidas dependentes deste sector.
É
indispensável uma perspectiva sectorial de negociação para o sector da
têxtil e vestuário, nomeadamente no quadro das negociações da OMC.