A resolução hoje aprovada no Parlamento Europeu (PE) insere-se num caminho que, como a realidade tem vindo a demonstrar, é contrário ao do interesse dos povos.
Ao invés de um caminho para a paz, a resolução insiste numa visão enviesada e parcial do conflito na Ucrânia, que oculta as suas causas e os seus protagonistas, e que anima o prolongamento e o agravamento da política de confrontação e da guerra, com as graves consequências e os sérios perigos que tal comporta, não só para os povos ucraniano e russo, como para os povos da Europa e de todo o Mundo.
A decisão de agendar e adoptar uma tal resolução na sessão constitutiva do PE enferma de uma imensa hipocrisia, quando este, ao mesmo tempo, optou por manter um silêncio cúmplice perante os massacres e o bloqueio que Israel impõe ao povo palestiniano na Faixa de Gaza, configurando um genocídio.
Imbuída de retórica belicista, que espelha o consenso militarista entre as forças políticas que lhe dão suporte, a resolução não só procura cercear a soberania dos Estados quanto à definição da sua política externa, como se alinha com os que procuram obstaculizar iniciativas diplomáticas que abram caminho ao diálogo, permitindo e promovendo negociações entre todas as partes, visando alcançar uma solução política para o conflito.
Uma resolução que se levada à letra, significaria que Portugal deveria gastar mais de 640 milhões de euros por ano para fomentar o prolongamento da guerra e alimentar os fabulosos lucros da indústria do armamento, em vez do País investir essas verbas na resposta aos problemas do povo português – na melhoria dos salários, das reformas, da saúde, da educação ou da habitação – e de se empenhar em esforços políticos para a paz.
Entre outros aspectos inaceitáveis, a resolução exorta ainda a UE utilizar a chantagem e a aplicar medidas coercivas de forma a tentar impor a sua política de confrontação e de escalada de guerra a países terceiros – política que é rejeitada por grande parte dos países no mundo –, escamoteando hipocritamente que países que integram a UE contornam sanções que esta própria impõe, como no caso dos hidrocarbonetos.
Não é este o caminho que interessa aos povos. Os povos querem e precisam de paz e cooperação, não de mais incitamento à guerra, com o seu rol de morte, sofrimento e destruição.
Ao contrário dos que fazem a apologia do militarismo, do aumento das despesas militares, do agravamento da escalada armamentista, o PCP continuará a defender a paz, a resolução política dos conflitos internacionais, o desarmamento geral, simultâneo e controlado.
Como o PCP tem vindo a afirmar, o que se impõe é que os EUA, a NATO, a UE, cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia, e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente com a Federação Russa, visando uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa e o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.