Comunicado do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP no PE

Pela defesa da valorização do salário mínimo e dos salários em geral

O Parlamento Europeu (PE) aprovou por maioria a Directiva sobre salários mínimos nos  países que integram a União Europeia (UE). Os deputados do PCP no PE consideram que  esta Directiva não só não responde às necessidades e aos interesses dos trabalhadores que, em  Portugal, se confrontam com uma situação de baixos salários, agravada com o aumento do  custo de vida, como representa uma intromissão da UE numa competência nacional e uma  tentativa de condicionar a necessária valorização geral de salários e o aumento do salário  mínimo nacional (SMN).  

A Directiva – aprovada com os votos favoráveis dos deputados de PS, PSD, BE e CDS no PE – não só dá respaldo ao branqueamento das orientações das instituições da UE em matéria de  pressão sobre os salários, como contribui para promover a política de “contenção salarial”.  

Os indicadores para a avaliação de uma dita “adequabilidade” do SMN que a Directiva  proclama de forma falaciosa – como a “competitividade” e o “crescimento do emprego” – são  frequentemente usados pelos governos da política de direita e pelo grande patronato para  limitar ou bloquear aumentos do SMN e dos salários em geral.  

As referências aos limiares de 60% do salário bruto mediano – utilizado internacionalmente  para definir o limar de pobreza – e de 50% do salário bruto médio, como indicadores a  considerar na definição do SMN, a par de outros critérios desligados das necessidades que se  verifiquem em cada país, visam promover a estagnação da progressão do salário mínimo e  dos salários em geral, impondo aos trabalhadores uma definição do salário mínimo que, em  Portugal, pretende condená-los a uma situação de pobreza, nomeadamente procurando  perpetuar a política de baixos salários. 

Os deputados do PCP no PE salientam que, se a definição do SMN se aplicasse  considerando o cumprimento daqueles critérios, em Portugal, tal determinaria um valor  inferior ao actual SMN, que se encontra hoje profundamente desvalorizado e não  responde às necessidades dos trabalhadores e famílias, nem é garante de uma mais justa  distribuição da riqueza.  

Além disso, a Directiva define que os sindicatos e as associações patronais deverão ser  envolvidos, em “pé de igualdade”, na selecção e aplicação dos critérios que definem o valor  do SMN. Um pressuposto que, não por acaso, tenta fazer esquecer que a relação de trabalho é  uma relação entre partes com poder desigual e que procura desresponsabilizar o Estado na  definição de políticas salariais. 

Na defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses, os deputados do PCP no PE  votaram contra esta proposta de Directiva. O que se impõe é a valorização do salário  mínimo e dos salários em geral, rejeitando qualquer condicionamento que a procure impedir.

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