Tendo em conta a recente evolução da situação em Chipre e perante as medidas adoptadas na reunião do “Eurogrupo”, no quadro de um “memorando” a ser acordado entre a troica (UE, BCE e FMI) e o Governo cipriota – recentemente empossado –, o PCP considera que a União Europeia, precipitando e instrumentalizando uma situação pela qual é primeira responsável, se lança no controlo e assalto da economia cipriota.
A União Europeia (com o FMI) procura impor medidas que, dando resposta aos interesses dos grandes grupos financeiros – nomeadamente os das grandes potências, como a Alemanha –, atingem duramente os interesses, os direitos e as condições de vida dos trabalhadores e povo cipriota.
O PCP sublinha que, para além das medidas já anunciadas, que representam a extorsão de depósitos bancários, a colocação em causa da viabilidade económica de pequenas e médias empresas e um autêntico ataque ao próprio sistema financeiro de Chipre, se anunciam mais e novas gravosas medidas, como as “reformas estruturais” – nas leis laborais, saúde, educação e segurança social –, o aumento dos encargos fiscais e privatizações.
Embora não se conheça ainda o real alcance do “memorando” que está a ser preparado em segredo, as medidas e orientações já anunciadas, se concretizadas, terão graves consequências na economia, no emprego e nas condições de vida dos trabalhadores e povo cipriota, assim como na salvaguarda da soberania e dos interesses nacionais de Chipre – país com um terço do seu território ilegalmente ocupado pela Turquia.
O PCP solidariza-se com a luta que o Partido Progressista do Povo Trabalhador de Chipre (AKEL) está a travar, promovendo uma ampla frente de resistência, contra as brutais medidas que estão a ser impostas pela União Europeia e o FMI, em coordenação com o Governo cipriota, pelo direito do povo cipriota se pronunciar e em defesa dos seus legítimos interesses, direitos, conquistas e anseios.
Tal como o AKEL justamente afirma, não há solução no quadro dos “memorandos” da troica da UE, do BCE e do FMI. O caminho neo-colonial e de espiral de exigências e imposições dos “memorandos” – como a realidade de Portugal duramente demonstra – não só não resolve nenhum dos problemas com que os povos e países estão confrontados, como os agrava e aprofunda.
A luta dos trabalhadores e do povo cipriota é a luta dos trabalhadores e do povo português. Em Portugal os trabalhadores e o povo português levam a cabo uma luta contra o Pacto de Agressão, firmado entre a troica (UE, BCE, FMI) e o PS, PSD e CDS/PP, que ataca brutalmente a soberania nacional e hipoteca o presente e futuro do País.
Aos trabalhadores e aos povos só resta um caminho, o da luta contra as imposições do grande capital, da União Europeia e do FMI, pela rejeição dos seus “memorandos” e derrota das suas políticas, em prol do direito ao progresso social e ao desenvolvimento soberano.