Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República, Reunião Plenária

PCP rejeita as medidas e iniciativas que visem o prolongamento e agravamento da guerra na Ucrânia

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Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, 

O PCP condena os atos criminosos, incluindo em cenário de guerra, que tenham ocorrido ou ocorram na Ucrânia, ou na Jugoslávia, no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, na Síria ou noutros países.

O PCP condena os atos criminosos na Ucrânia, que tenham sido cometidos em território controlado pelas forças armadas ucranianas ou pelas forças armadas russas, que tenham sido cometidos após a escalada no conflito em 2022 ou após o golpe de Estado de fevereiro de 2014, incluindo por grupos fascistas em Odessa, a 2 de maio de 2014, ou pelos «batalhões» de cariz nazi sobre a população do Donbass.

A existência de comprovados exemplos, em que situações apresentadas como verdadeiras se vieram a confirmar falsas e baseadas em operações de manipulação exige o indispensável, cabal e rigoroso apuramento das inquietantes alegações quanto a “crimes de guerra”, assegurado por entidades efectivamente independentes, determinadas pela real avaliação dos factos e não por pré-determinados juízos ou objetivos que não visam, nem contribuem para o apuramento da verdade.

Ora, em geral, as propostas apresentadas, para além de reproduzirem iniciativas similares promovidas por entidades que se têm destacado pelo seu empenhamento na promoção e agravamento do conflito na Ucrânia, antes de mais, visam obstaculizar, ou mesmo impossibilitar, o necessário diálogo com vista à resolução política do conflito e, simultaneamente, animar o prosseguimento da política de confrontação, cerco e isolamento da Rússia, dificultando deste modo possíveis entendimentos entre as partes, o desanuviamento e normalização das relações no plano internacional, a defesa e a promoção da paz, da cooperação e do desarmamento, particularmente na Europa.

Iniciativas que, além do mais, branqueiam as profundas responsabilidades e envolvimento dos EUA, da NATO e da UE, entre outros protagonistas, no conflito da Ucrânia e nas suas dramáticas consequências.

Reafirmamos uma vez mais: a nossa solidariedade é para com as populações e para com todas as vítimas da guerra – e não para com um poder xenófobo, belicista e antidemocrático, rodeado e sustentado por forças de cariz fascista e nazi. 

Consciente dos sérios perigos que a escalada do conflito comporta para os povos ucraniano e russo, para todos os povos da Europa e do mundo, o Grupo Parlamentar do PCP rejeita as medidas e iniciativas que visem o seu prolongamento e agravamento.

O Grupo Parlamentar do PCP reafirma que é urgente que os EUA, a NATO e a União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança coletiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Ata Final da Conferência de Helsínquia.

É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis. Os povos querem e precisam de cooperação e paz – não de mais iniciativas que incitam à confrontação e à guerra.

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