Ângelo Alves, membro da Comissão Política do CC, deslocou-se ao Líbano, entre os passados dias 16 e 21 de Novembro, em representação do PCP e a convite do Partido Comunista Libanês.
Avante Edição N.º 1721, 23-11-2006
Durante a sua estadia em Beirute, o PCP participou num “Encontro Internacional de Solidariedade com a Resistência”, promovido pelos partidos políticos que organizaram a resistência libanesa contra a agressão e invasão israelitas do passado Verão, nomeadamente o Partido Comunista Libanês e o Hezbollah, e por várias organizações europeias de solidariedade com a luta dos povos do Médio Oriente.
Neste Encontro Internacional participaram mais de 400 pessoas representando cerca de 130 organizações como partidos políticos comunistas e progressistas, sindicatos, organizações e redes de variado tipo provenientes do Médio Oriente, Europa, América Latina e Ásia, personalidades várias e ainda estruturas como o Conselho Mundial da Paz ou a Casa das Américas, sediada em Cuba.
De entre os partidos políticos presentes destaca-se a participação de vários partidos comunistas e progressistas provenientes da Bélgica, Brasil, República Checa, Chipre, Índia, Itália, Grécia, Jordânia, Palestina, Síria, Sudão, Turquia, entre outros. Além do Partido Comunista Português, deslocou-se também ao Líbano para participar nesta conferência o Conselho Português para a Paz e Cooperação representado pelo almirante Martins Guerreiro.
Este Encontro Internacional, que se afirmou acima de tudo como uma grande demonstração de solidariedade com a resistência dos povos no Médio Oriente, culminou com a leitura de uma declaração final que reafirma a solidariedade dos participantes para com os movimentos que prosseguem corajosamente a resistência contra as agressões, pressões e ingerências imperialistas e sionistas no Médio Oriente; aponta para a dinamização de medidas no plano jurídico que culminem no julgamento do Estado israelita por crimes de guerra e contra a humanidade durante a recente agressão contra o Líbano; estabelece um comité com base nas organizações de resistência do Médio Oriente que dinamizará acções de solidariedade em todo o mundo com a resistência, e por fim estabelece as datas de 12 de Julho, 20 de Março e 29 de Setembro como dias internacionais de solidariedade com as resistências libanesa, iraquiana e palestiniana, respectivamente.
Conhecer a realidade
O PCP, tendo feito a sua intervenção no painel sobre as estratégias do movimento de solidariedade com a resistência, reafirmou a disponibilidade dos comunistas portugueses para prosseguir em Portugal a luta de solidariedade com as resistências dos povos do Médio Oriente e alertou para a necessidade de se intensificar na Europa a denúncia da hipocrisia dos governos europeus na sua política externa face ao Médio Oriente.
Durante a sua estadia em território Libanês, Ângelo Alves realizou contactos com diversas forças políticas do Médio Oriente, nomeadamente as principais forças políticas da resistência libanesa - o Partido Comunista e o Hezbollah - com os quais discutiu, entre outros temas, a presente e complexa situação política no país.
Nos dias 18 e 19 de Novembro
o representante do PCP visitou os bairros de Hared Heorik e Bir Al-Abed nos subúrbios a Sul de Beirute e todo o Sul do Líbano, nomeadamente as cidades de Saida e Tire e as vilas de Canaa, Rmaich e Bent Jbail, locais quase integralmente destruídos pela recente agressão israelita e onde se pode constatar os massacres perpetrados pelas forças israelitas na invasão do passado Verão. Ângelo Alves, em declarações ao “Avante!” sublinhou estar-se perante autênticos crimes de morte e devastação indiscriminada reafirmando a necessidade de Israel responder obrigatoriamente na justiça por tais atrocidades.
À chegada a Lisboa o dirigente do PCP realçou o grande interesse político desta visita destacando que ela contribuiu para um aprofundamento das relações de amizade, solidariedade e cooperação com o Partido Comunista Libanês; para uma análise mais precisa da complexa situação política libanesa e do Médio Oriente em geral, e ainda para um aprofundamento do conhecimento da natureza, objectivos e prática política das diferentes componentes da resistência libanesa, nomeadamente a islâmica, que permitiu a identificação de pontos de vista comuns face ao desenvolvimento da ofensiva imperialista no Médio Oriente a à tentativa de criminalização das resistências.
Ângelo Alves salientou ainda que a vitória da resistência libanesa contra um dos mais poderosos exércitos do mundo assume uma grande importância em toda a região e representa um facto de indiscutível importância política que abre perspectivas ao reforço da luta dos povos do Médio Oriente contra o projecto imperialista e sionista do “Novo Médio Oriente”.